Construir coletivamente uma história é o ideal num trabalho que envolve uma equipe não remunerada.

Narrativando
3 min readNov 16, 2020

--

Continuando com a série de textos voltados para iniciantes na arte de escrever e contar histórias, hoje eu trago a vocês uma perspectiva diferente.

Record of Lodoss War, cujo autor Ryo Mizuno escreveu como um relato das adventuras da sua mesa de RPG.

É de conhecimento geral que assim como qualquer artista, os autores tem seu orgulho próprio, afinal de contas um livro, um roteiro, uma narrativa qualquer que seja é como um filho. E eu não sou diferente disso, tenho muito orgulho de cada roteiro de quadrinho, de jogo ou de RPG que criei nesses anos todos. Mas meu grande motivo de orgulho não é porque fui eu e tão somente eu que criei, na realidade a maioria das minhas histórias contou com a colaboração das pessoas que estavam envolvidas nesses projetos todos e isso não foi uma exigência deles por não confiarem em mim, mas um pedido meu e agora vou lhes explicar o porquê.

O Gralha, herói paranaense que conta com 9 autores ( Alessandro Dutra, José Aguiar, Antônio Éder, Gian Danton, Luciano Lagares, Nilson Muller, Augusto Freitas, Edson Kohatsu e Tako X )

Trabalhar em equipe quando se trata de algo que envolve uma história nem sempre é fácil. Vamos pegar o exemplo de um quadrinho alternativo, aquele que é feito por pessoas que não recebem por isso, portanto se fazem porque gostam. Se o desenhista, o capista, o colorista, o editor e quem mais tiver no projeto não se envolver com a história, a chance de algo não sair bem feito ou mesmo não sair existe, mesmo se forem só duas pessoas fazendo tudo (roteirista e desenhista). Quando não há dinheiro envolvido é complicado exigir algo de alguém. A psicologia já diz isso há muito tempo e a gente no decorrer da vida vai observando que quanto mais envolvimento, melhor o desempenho, seja na qualidade ou no cumprimento de prazos. Mas e aí, então eu devo abrir mão de criar a história como quero? Não! Não é bem assim. O que costumo fazer é ouvir as opiniões de todos os envolvidos, adicionar algumas das sugestões, um personagem novo ou uma fase a mais não vai estragar seu roteiro.

Print de Clara’s Journey, o menino Pedro Augusto que aparece em alguns momentos do jogo é baseado no nosso cara do áudio até no nome.

Tenha em mente que seu roteiro será sempre seu, independente de ter ouvido sugestões, afinal elas não formam o todo. O que muda é o engajamento dos membros da equipe e a forma como enxergam o projeto. Aquele carinho a mais pode ser crucial para o seu sucesso numa Game Jam, numa mesa de RPG ou numa feira de quadrinhos. O primeiro passo é ter humildade e confiar nos seus colegas. Boa sorte e boas histórias pra vocês!

--

--

Narrativando

Melina Juraski — Game/ Narrative Designer, Roteirista, Narradora profissional, Escritora de RPG, Geógrafa e Publicitária.